29 de julho de 2005

Daqui a pouco vou embora

e com sorte este pasquim vai passar a ser escrito da outra terra do liberalismo, NY! Para ja' sao so' férias, mas se der... E depois, so' ai' é que se fazem destas coisas.

mais um

Este aqui, que nao faço a minima ideia de onde é que me viu. Mas obrigado, especialmente por incluir aqui a Santa. E grandes fotos, especialmente.

27 de julho de 2005


e para a despedida... o Pantheon ao meio-dia.

23 de julho de 2005

num escritório perto de si

[A e B discutem um projecto. A é o chefe, B o empregado. C é o outro empregado que chega nesse momento. D é o outro chefe]

C - A, importa-se de assinar com o nome do cliente? [o cliente está noutro pais, e é preciso assinar um documento para lhe ligarem a luz em casa. Mas como não há tempo para lhe dar o documento, tem que se falsificar a assinatura]
A - hmmmm... mas como é que é a assinatura dele?
C - Espere aí que já lhe mostro...[procura num monte de papeis] Ah! aqui está, este documento tem uma assinatura.
A - hmmmm... está bem, queres fazer isso, B?
B - Eu não, não tenho jeito nenhum para imitar assinaturas!
A - va bene, va bene...[assina]
...
passam 5 minutos. C volta.
...
C - Desculpe A, mas vou ter que lhe imprimir outra vez o documento para assinar. É que temos que juntar um outro documento que devia ter sido assinado pelo cliente. Mas é um original e já foi assinado pelo D, sem imitar a assinatura como devia!
A - E agora?
C - Agora vai ter que imitar a assinatura falsa do D, porque ele também não está no escritório!

[B ouve, ri, e escreve para mais tarde recordar!]

22 de julho de 2005


Piazza S. Ignazio (a Igreja ve-se no canto superior esquerdo, é uma das fachadas mais altas de Roma). A praça é uma obra-prima do barroco popular, de Raguzzini.

18 de julho de 2005

romanidade labrega

Il cetriolo va sempre in cullo al contadino

Ou

O pepino vai sempre ao "cullo" do agricultor.

Ou, na Guarda,

Quem de mel se faz, as abelhas o comem.

Usa-se para aquelas pessoas que estao sempre disponiveis, nunca dizem que nao, fazem sempre horas extraordinarias, etc e cujos patroes, em vez de se mostrarem reconhecidos e as recompensarem, fazem trabalhar ainda mais, therefore o pepino que vai ao rabo de quem o plantou. Quanto mais se ajuda, mais se é "incullato". Acho que este é um problema da Humanidade em geral, mas certamente se faz sentir com força por estas terras meio selvagens.


Antonio Gherardi, capela em S. Carlo ai Catinari (homenagem a Bernini)

15 de julho de 2005

Sobre trabalhar num escritório de arquitectura - 2:

Outra faceta da vida de estagiário é a de ser confrontado todos os dias com o chamado (no Porto, e por um muito competente professor de construção) “trabalho de broche”. Isto é, 99% do nosso tempo de trabalho é passado não a imaginar maravilhosas estruturas, espaços fascinantes e pormenores construtivos de revista, mas sim a corrigir desenhos e a paginar folhas (quando não a cortar e dobrá-las). Ou seja, trabalho de desenhador, em que a parte de “arquitecto” se resume a decifrar os “esquiços” do chefe (ou seja, gatafunhos em cima de folhas imprimidas) ou, pior ainda, a tentar fazer com que aquilo que funcionava perfeitamente no “esquiço” passe a funcionar também na realidade – do tipo apartamentos de 40 m2 com espaço suficiente para quarto, sala, cozinha e casa de banho utilizáveis, separados e com áreas decentes.

Mas o pior é quando se tem que usar desenhos começados por outras pessoas. No projecto que estou a fazer agora, os ficheiros iniciais tinham não menos de 107 (!) layers, linhas sobrepostas todas só um bocadinho tortas (o suficiente para chatear muito) e uma estrutura toda só um bocadinho não modular, i.e. nenhum pilar tinha a mesma distância do outro. Um caos. Acabámos por decidir fazer tudo do zero. Assim, aquilo que estou a tentar aprender nesta fase da vida é:

Como fazer o mais possível com o menos trabalho possível, porque nunca há tempo para nada nem paciência para andar a cortar linhas o dia todo.

Aqui, este excelente bloguista dá umas dicas (na entrada de 2005-03-06), mas para mim este tipo de tretas são muito a la “5 passos para uma carreira de sucesso”, ou seja uma data de banalidades (ainda que verdadeiras) mas que não explicam COMO verdadeiramente se tira mais rendimento do trabalho.

Gostava de apelar a todos os jovens (e velhos) explorados como eu para que contribuam aqui com ideias que nos deem tempo para produzir mais, e assim poder passar mais tempo no café, ou no aperitivo como aqui. A minha primeira lista:

1. reduzir ao mínimo o número de layers. Usar só aqueles indispensáveis para esconder partes do projecto conforme as plantas das especialidades (eléctrico, tectos falsos, pavimentos, paredes em pladur, etc.)

2. reduzir ao mínimo o número de ficheiros. Ter uma só planta para cada piso, e usá-la como referência. No mesmo ficheiro, paginar os vários layouts desde o início para poupar tempo de impressão (isto só é possível com o Autocad, e por isso é que é o meu programa preferido). O rótulo e moldura devem fazer parte do layout, o resto são viewports nas várias escalas.

3. muito boa gente põe-se a fazer contas para ajustar a escala de impressão. (No Portoghesi havia tabelas enormes por todo o lado, que eu nunca percebi). Isso é uma perda de tempo e uma dor de cabeça – ou seja junta-se o inútil ao desagradável. Basta escrever, no Page Setup, 1000mm = 1 drawing units, quando se trabalha em metros, e depois em cada viewport escrever a escala do desenho: 1/200, 1/50, etc. Simples!

4. reduzir ao mínimo o número de blocos, e NUNCA usar blocos já feitos sem primeiro os explodir, limpar os layers e ajustá-los aos nossos (depois criam-se layers que não se sabe de onde vêm e que é impossível apagar).

5. Já agora, os nomes dos layers _EM MAIÚSCULA e com um underscore antes. A maiúscula ajuda a vê-los mais depressa, o underscore a pô-los todos juntos e ao início da lista quando se importa outro desenho (isto para os típicos ficheiros das câmaras municipais que vêm com milhares de layers)

6. Como dizia o Davide: “a pior coisa que se pode fazer é fazer a mesma coisa duas vezes”. Ter sempre uma pasta para os ficheiros desactualizados, e dar-lhes o nome com a data, do seguinte modo: [nome do ficheiro][ano][mês][dia]. Exemplo: PROJEXEC_050629. Deste modo os ficheiros ficam ordenados alfabeticamente, primeiro por tipo de desenho e depois por data (por isso o formato ano/mês/dia). Para modificações durante o mesmo dia, escrever A, B, C, e por aí adiante a seguir à data.

Ok, para já é tudo. Para a próxima ponho a lista de layers que usamos aqui (de qualquer maneira fui eu que a desenvolvi) e a maneira de organizar as pastas sem cair numa burocratização excessiva – ou como o excesso de organização leva a que se perca ainda mais tempo. Sugestões aceitam-se, como já ficou dito.

13 de julho de 2005

Sobre trabalhar num escritório de arquitectura - 1:

(ai, ai.. escrito ha' duas semanas e prisioneiro na entao desaparecida pen-drive, finalmente resgatado)

Graças à nossa Ordem, somos obrigados a fazer um ano de estágio num escritório. (há uns dias disseram-me que na Áustria são três anos, por isso nem me queixo muito). E de qualquer maneira, para 99% dos recém-licenciados, essa é a única opção. Muitas vezes dizem-me “O problema é que não é obrigatório que o estágio seja remunerado! É revoltante, estão-nos a fazer legalmente escravos!”. Ora isto tem a ver com a mais ou menos recente discussão sobre o salário mínimo. Ou por que é que o salário mínimo faz crescer o desemprego e assim baixar o nível de vida do país.

É sabido que o número de arquitectos em Portugal (e ainda mais em Itália) supera estratosfericamente o volume de trabalho existente (e por isso toda esta treta de revogar o 72/73 e de criar provas de admissão and so on). Assim, os poucos arquitectos que têm trabalho (1) não têm condições para oferecer empregos estáveis aos estagiários e/ou (2) aproveitam-se dessa situação para explorar os pobres ex-estudantes, a quem ainda por cima o facto de terem tirado um curso de 6 anos não dá direito a exercer a profissão (isto eu acho revoltante). Aqui em Roma o normal é ninguem estar à espera de pagar a um estagiário. Há escritórios onde trabalham 10 (dez!) pessoas a tempo inteiro, por um ano e a fazer directas se for preciso, sem receber um tusto.

Mas a solução não é obrigar o patrão a pagar, nem muito menos a fazer um contrato (admito que o parágrafo anterior já começava a soar um bocado a inter-sindical). Que a situação não é famosa, já se sabe. Mas imaginemos que era mesmo obrigatório que o estágio fosse pago. Quem é que no seu perfeito juízo ia dar trabalho a estagiários de arquitectura? Ou se punham desenhadores a trabalhar, ou se trabalhava de graça e o tempo de trabalho não contava como tempo de estágio. Era o caos. Ou seja, ia ficar tudo não na mesma, mas pior. E o que acontece é que, não pagando, muita gente pode ter experiência num escritório e geralmente os patrões preferem, passado algum tempo, começar a pagar aos melhores colaboradores (infelizmente não é sempre assim dada a mentalidade de merceeiro ainda soberana nos países mediterrânicos, mas paciência). De facto, é por isto que a Ordem escreve “o estágio deverá ser remunerado” e não “TEM que ser remunerado”, porque, acho eu, ainda deve haver uma réstia de bom-senso naquelas cabeças iluminadas.

Mais expressões romanas fixes

Il più pulito c’ha la rogna

ou

il piu pulitu chà là ronha [fonètico em portugues]

ou

o mais limpo tem tinha. Diz-se a propósito da classe política local.

12 de julho de 2005

Um golpe no coraçao!


A normalidade por aqui. Publicidade a joias, perto do Auditorio de Roma. dedicado com amor e carinho aos Marretas.

6 de julho de 2005

novidades

Mais um blog para a lista do lado, a cantina do Olho, cujo autor encontrei num churrasco este fim de semana (e que ja' tinha contribuido para aqui). E tambem a radio jazz da Suiça, descoberta pela minha colega Valentina - simples e eficaz, quando nao se quer pensar muito no que ouvir durante o trabalho.

5 de julho de 2005

nem mais

(pouco tempo, sempre, para publicar coisas quando a unica ligaçao à net esta' no escrito'rio e o chefe nem na sombra dele confia; assim, tenho que me limitar a recomendar artigos dos outros, pelo menos enquanto a minha cabeleireira pessoal nao me devolver a pen com aquilo que escrevi no fim de semana)

Este rapaz tem um dos blogues mais contorcidos que conheço. Precoce e cinico, muitas vezes ultra-hormonado (parece ter um fetiche por actrizes americanas, loiras e mais ou menos ensossas - se ele visse os espécimes que ha' por aqui...) e tao masoquista que chego a pensar que é mais um personagem blogosférico. Mas fora isso, aqui escreveu um dos mais brilhantes textos dos ultimos tempos, claro, simples, inteligente e como sempre um prazer de ler. Visita diaria.

4 de julho de 2005


S Giovanni in Laterano

1 de julho de 2005

Isola Tiberina


A pessoa em baixo à esquerda molha os pés nas aguas do rio Tevere.